Sufocada pelo terror e aguentando calada à dor, fui suportando as cenas. O morto se pendurou nos meus ombros frágeis, sobrou nos meus ouvidos Perdão meu amor, perdão.

Ora essa! Perdão? Quando levei o fardo dos nossos erros nos ombros, ele não me pediu perdão...

 

Nas paredes frias os corpos se movimentavam num desejo imenso de calor humano. A tensão criada era um misto de prazer e saudades. Iam e vinham às condolências acompanhadas de um café ali e outro mais adiante.

Enquanto acontecia aquele mau entendido todo o tempo queimava o que havia restado.

Quando a noite chegou os sorrisos, choros e recordações só serviram para aumentar

A angústia da despedida. Chorar como?

Eu estava atrás das cenas.

 

Olhos assustados de anjos e pecadores direcionados à minha pessoa. O que sabiam daquele amor juvenil baseado na dúvida. Foram muitas as infidelidades e injustiças, o amor sucumbiu no meio do altiplano. Foi um morrer de piedade infinita.

Um peregrino do amor que infelizmente nunca se deixou

amar de verdade.

 

Carregar o meu corpo era difícil, o cheiro da morte penetrou na sala. Os filhos brincavam de correr na varanda sem noção do que aconteceria no amanhecer de domingo.

Quando lágrimas rolaram no rosto do meu mais velho, meu coração partiu-se em dez pedaços.

 

Minha mente se aprofundou no deserto do tempo em volta em beijos e promessas, juras e perdões. Eu preferia vê-lo naquela vida injusta que escolheu, a ter que sepulta-lo prematuramente. Ora, que diaba chega pedindo passagem. Ela entra surpreende, chora e faz a cena e, ri de toda aquela patifaria, toda a burrice que vê a volta. A mulher sabia o final dos dias dele.

 

O sonho do jovem evaporou no espaço. Ah!... se ele pudesse voltar atrás, abrir a cortina e iniciar tudo de novo. Se pudesse voltar àquela árvore onde desenhou um coração e escreveu as nossas iniciais... Naquele tempo era um jovem cheio de sonhos e feliz. Os anjos não ficam juntos se não tem o mesmo propósito

 

 

 

 

 

 

Clique na figura
envie sua mensagem


 


Voltar


| Home | Menu | Fale  Comigo |
| Adicionar aos seus Favoritos |


Desde 12.09.2010,
você é o visitante nº


 

Direitos autorais registrados®
Direitos autorais  protegidos pela Lei 9.610 de 19.02.1998

Site desenvolvido por WebÁguia - www.webaguia.com.br