Veio o vento e o
cheiro das mangas
Um índio de
tranças e sorriso alvo,
Passou entre nós
como um vento fresco.
Estávamos
abraçados, teus cabelos ruivos,
Cheiravam à
cereja, roçaram meu ombro.
Sem dúvida
alguma naquele momento,
Virei um
carpinteiro enciumado.
O teu mágico
perfume, esse infinito desejo de amar,
Me maltrata.
Estou apaixonado.
Teus olhos
brilhavam como o sol, procuraram os meus.
Abro os braços e
te tenho completa. Corações selados.
Segundos depois,
a tua respiração é calma
como a água do riacho.
Ô, minha rainha.
Tu deságuas em mim um rio de loucuras.
Atravessei
muitas vezes a floresta atrás desse olhar
Cor de mel.
Dias depois,
esperei o chuvisco passar, voltei vexado à tua procura, esperei e não te
encontrei.
Só resisti à tua
ausência porque te amo.
De repente, ele
veio junto ao cheiro de manga fresca.
O ciúme outra
vez me deixou louco.
Esse índio
marcou o tempo nos teus olhos, pensei aflito.
O silêncio
conspirou outra vez.
Nada, e nada...
Onde você está
meu amor?
Com quem está
minha querida?
Andei por ali
numa sequidão mortal.
Um doente sem
economizar sentimentos me despiu
com os olhos,
cravou no meu
coração uma lança.
O índio, o
cheiro de manga, eu devia saber.
Mortalmente
ferido atravessei a floresta à tua procura,
Queria umas
poucas migalhas do teu amor.
Os que se
aventuram no amor nunca retornam curados,
pensei.
A minha natureza
humilde agüentou tudo.
Hoje, com a boca
franzida e as pálpebras dos olhos caídas,
quase cego, sigo
à tua procura.
Paciência nunca
me faltou.
Um amigo
escreveu um dia:
“O amor é uma
sensação antes de ser um sofrimento.”
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