Sete e trinta da manhã,
Naquele barco ele levava:
o professor, o lápis, cadernos e os blocos de papel.
No porto, as criancinhas as mãozinhas esticavam,
Pequenas estrelinhas caídas do céu.
As meninas perguntavam:
“Professor, professor, veio livro de historinha?”
Então, os meninos gritavam:
“E revista de esporte, professor, o senhor trouxe?”
“Professor, eu não ganhei, eu não ganhei...”
“Calma crianças, calma. Respondia ele, paciente.
São poucas as revistas, mas vocês podem ler juntos, e,
depois de amanhã, eu trarei mais.”
Respondeu o professor satisfeito.
Ser professor no interior é a glória.
Então, no barco, o professor dava as suas aulas,
e os trabalhos corrigia.
Os lápis eles cuidavam, nem a ponta quebravam,
assim economizavam.
Com bucho de pão apagavam os deveres e, depois,
logo o guardavam.
Então, o barco partia.
À noite os meninos cansados e felizes dormiam
seus sonhos concretizados,
lhes restavam o próximo dia.
Às sete, o barco voltava e, assim, passavam os dias.
Graças ao professor dedicado,
hoje sou um homem formado.
Sou o professor esperado, aquele que,
há anos passados, pelo lápis e pelo papel morria.
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