Minha vida foi roubada como se rouba a virgindade
de uma moca ingênua.
Fui usada, e na inocência das minhas atitudes e palavras
Entreguei a meia dúzia de pessoas
inescrupulosas, incompetentes e perigosas,
o
ouro que deveria ficar guardado.
Entreguei o mapa que levava até a chave do cofre.
Como pude confiar, como pude?…
Tenho punhais travados no corpo que sangra e dói.
O
espelho reflete o meu olhar perdido no destino ingrato que criei,
Não, não consigo esconder a decepção que sinto comigo mesma.
Não posso dizer o contrário, tenho o semblante caído.
O
Cabaré agora se levanta as minhas custas,
as custas das minhas ideias e,
atitudes, as custas de falsos amigos e,
de pessoas que não me conhecem,
as custas de ladrões de ideias.
Quando encarei alguns deles, baixei as pálpebras.
Na verdade tive nojo,
sabia que eles não eram mais inteligentes que eu.
Os covardes sabiam encarar,
sabiam mentir, dizer uma verdade, vender um sonho,
convencer em voz alta a si mesmo de que
eram donos daquela verdade.
Dentro daquele cabaré caído,
uma nuvem de promessas pairou no teto,
chocou-me tanta hipocrisia.
O
reino com um que de cabaré,
caído no esquecimento, derrotado,
entregue as dívidas e as demandas de Corte,
se levantaria as custas do meu esforço,
mas também da minha inocência.
Um Cabaré só te dará dores de cabeça.
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