Não tenho mais que um par de olhos

Nem mais que uma vida.

não tenho mais que um coração,

não tenho mais que uma saída.

Eu já vivi esse fracasso antes.

não sabia que o Coronel voltaria.

 

Essa mulata de olhos rasgado e ventre podre e a

escrava baiana que atormentou os meus dias. 

Ela voltou...

Ela voltou nas fantasias, sacolejando o quadril

farto,suada e mal trajada.

Veio cheirando a tabaco e bebida. Mulher falsa, Fingida!

 

E o filho bastardo acompanhou meio século esse pecado.

Veio o homem em forma de poeta,

Desgraçando palavras e Rasgando textos .

Chegou o diabo,trazendo desgostos e desavenças.

Chegou ele beijando a face com um cinismo de dar medo.

Ele não percebia.

 

Enfim; não tenho mais que dois braços e duas pernas.

Um só baço, um fígado de aço e um rins sem alegria.

Não, ele não podia.

Tenho duas mãos e dedos frágeis...

Na mente só nostalgia.

 

Ele quebrou o cristal fino,cortou minhas tranças

e moeu meus dias.

Coronel filho da discorda, filho de égua fria.

Com dez bastardos batendo na minha porta, atendia

os filhos da pornografia.

Era a tal; Covardia!

 

Não tenho mais que um cérebro que queima.

unhas curtas e bem cuidadas.

Tenho a estante coberta de livros e autores que

me acompanham nessa minha infeliz jornada.

 

Tenho um Deus que me protege, família e filhos

que me seguem.

Não tenho mais que vida e agonia.

De sobra; honra, pudor, decência e uma alma fria.

 

 

 

 

 

 

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