Rasgando o tempo voa maldição barulhenta
rumo a Long Island.
Para trás ficou apenas o rastro de tua energia.
Uma massa assustada cabisbaixa e embrutecida,
disputa por espaço.
Nenhum olhar de Anjo... apenas um olhar infantil,
Pobre alma inocente.
Como lunáticos, pessoas falam entre os dentes.
São expressões absurdas... este é o trem da vida.
Meio segundo para um milhão que se espreme.
Puxa!
Lá ficou, mais um pedaço de destino.
New York uma velha produzida!
O trem...
Naquele trem de carga que me levava a Bolívia, em 1968...
Os animais expeliam o cheiro forte que misturava-se ao nosso.
A natureza era bordada em ouro e prata.
O apito soava naquele interior da Bolívia anunciando o meu regresso e
às vezes, minha partida.
Deixei por lá duas lágrimas, as mais sinceras.
Nos meus olhos apenas o amor e no dele a saudade.
Farda verde numa fronteira quente de terra seca.
Gringos enfrentando o despertar da prata.
Nas noites, o cansaço caía sobre nós.
Pequenos mosquitos flechavam nossos corpos,
Um calor infernal!
Lá por cima, o som de um aviãozinho,
estrelas pintavam o céu de nossas vidas.
Roboré, cidade onde deixei um Capitão - médico
e portas fechadas.
Mais um Amor.
Por fim, New York...
Outra vez o trem,
Só que não há mais porque chorar,
New York...
Um amanhecer sem poesia.
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