Conservei a mania de pensar que te amo

Foi qualquer coisa tímida que causou a tal química entre nós.

Criei barreiras e me surpreendi, pois me

tornei uma adolescente a suspirar a luz da lua.

 

Na sombra da árvore e em plena madrugada, fomos autores da nossa loucura.

Esse amor de sentimento e culpas rompeu qualquer

dúvida e foi impossível abafar.

Entreguei tudo a Cristo, amor meu.

 

Você no entanto, se deixou levar pela compaixão.

Foi num dia chuvoso no Rio de Janeiro que

Unindo-se a ela perdeste o perfil da felicidade.

Louco!

 

Não mais arrocho, amor, nem chocolate, nem vaidades,

nem lança-perfume, confete ou serpentina.

Perderam-se nas noites do Rio os nossos beijos.

O mar gemeu naquela noite escura.

A solidão se confundiu com a chuva.

 

Aquele chapéu de abas enormes rodou o salão o baile inteiro.

Teus olhos me seguiam afoitos e ela do teu lado, estava completamente inteira e fria.

Cada vez que davas a volta no salão eu contava teus passos, um atrás do outro.

“Tantos risos, tantas alegrias, mais de mil palhaços no salão.”

 

O suor banhou meu corpo e saí dali banhada em lágrimas, chuva na minh’alma até hoje.

Caminhei a praia do Flamengo inteira, com um punhal atravessando a alma.

 

Os carnavais do Rio sempre têm muito que contar. Os bailes dos clubes infantis na minha época de criança era uma coisa de enlouquecer. Os bailes de jovens eram melhores ainda.

Vi um certo ano, uma menina que se apaixonou por um rapazinho que regulava na época uns 15 anos,

ela tinha 12 anos.

 

A diferença de idade não era tanta, mas como os jovens nessa idade se sentem homens feitos; ele disse: – Sai fora pirralha!

A pobre se mancou, sofreu por esse amor calada, até se formar.

Ele, naturalmente, se casou com outra. Um dia se encontraram no sinal vermelho, na saída da Urca, ela casada e ele divorciado; em pleno tráfego ele parou, saiu do carro dele e pegou-a pelo pescoço e largou aquele beijo, que estava guardado para ela desde a juventude.

O caso durou seis segundos. Ela saiu feliz e assustada, ele nunca mais apareceu.

– O que foi isso mamãe? Perguntou a filhinha assustada.

– É, um louco... ele é um louco. Deve ter fugido do hospício, quase me mata sem fôlego.

Respirou fundo e sorriu.

 

 

 

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