Quero sair pelo Rio, fazendo poesias com alegria e sem preconceito.
Vivendo o tempo... o tempo, o tempo das rimas.
Quero rever o céu da minha saudosa Praia do Flamengo.
Olhar a Baía da Guanabara e banhar-me nas águas daqueles tempos.
Embora, que a praia dos anos de minha infância, esteja
apenas na memória.
Então, vou revê-la, banhar-me nela, correr na areia, fitar a lua, piscar com as estrelas e andar nas ruas.
Chupar um picolé de chocolate da Kibon.
Depois, morrer de amor. Vou colher os sonhos e reviver a poesia.
Catar conchinhas e apreciar as pipas voando no céu do
Rio de Janeiro.
Vou comer pipocas e passear de Bonde por todo o Catete.
Quero visitar o Palácio do Catete, recordar o rosto triste de Getulio Vargas.
Afinal, a culpa moral foi imponente,
levou o presidente ao suicídio.
Nem Deus o perdoa.
Também vou procurar o Carlos Frederico Werneck Lacerda
na Churrascaria Gaucha. Àquela da Rua das Laranjeiras se
o encontro, vamos reavaliar os acontecimentos daqueles
anos conturbados.
Vou perguntar por aquela desordem, estava com dez anos
de idade e a essa idade bagunça é bagunça.
Até hoje não entendi nada.Ainda continuo preocupada.
Pode ser que lá ou acolá tenha sua alma penado ou descansado.
Irei a Caxias visitar o Tenório Cavalcante, o fundador do Jornal Luta Democrática, pessoa não grata, mas quem sabe lá Deus, por onde anda.
Perdão é perdão.
Quero dar uma passadinha na UNE, saber se a hepatite ainda continua matando.
Vou visitar a sede velha do Clube de Regatas do Flamengo,
Procurar o Monsueto que cantava naqueles bailes infantis
de fevereiro, onde cheirávamos Lança Perfume e pulávamos carnaval cantando:
Foi numa casca de banana que pisei
Escorreguei, quase caí
Mas a turma lá de traz gritou, tem nego “bebo” aí
Tem nego “bebo” ai
Vem cá seu guarda, bota pra fora este moço
Que esta no salão brincando com pó de mico no bolso
Foi ele, foi ele sim, foi ele que jogou o pó em mim.
Mulata bossa nova caiu no Hully Gully
E só da ela
Êêêêêêê
Na passarela.
Caramba! Que bailes eram os dos: Clube de Regatas do Flamengo, Fluminense, Botafogo, Vasco, Clube Sírio Libanês, Clube Municipal, Monte Líbano, Iate Clube. Depois nos anos
de ouro o do Copacabana Pálace.
Quem tem família, tem tudo.
Vou visitar a Urca e admirar de cima o Maravilhoso
Rio de Janeiro
terra onde nasci, Cidade Maravilhosa!
Vou visitar o Cristo Redentor e pedir a ele escolas para
as crianças.
Enfim, devo passar no Amarelinho pra tomar aquela Bhrama gelada, dar uma volta na Tijuca,
na Praça Sans Peña e comer aquela pizza.
À noite vou ao Bigode do Meu Tio, rever o meu ex-amor.
Depois, passar no Hospital Pedro Ernesto, visitar um médico amigo. “Coisas do Passado.” Bem, antes de sair, preciso recuperar um trevo de quatro folhas que ficou gravado numa das árvores com o meu nome.
Ah! Não posso esquecer do cupido, preciso recuperar o
pedaço daquele coração.
Logo, devo ir a Paula Freitas caminhar na praia e visitar
o meu apartamento, ali, vivi com a minha família.
Copacabana dos bons tempos...
Quero visitar a Igreja Nossa Senhora da Glória, em frente ao Parque do Largo do Machado onde muitas vezes brinquei
de amarelinha, junto a minha babá Tereza.
Anos depois, acompanhada do namorado no caminho da escola,
parava no Bob’s para comer um sanduíche misto - quente ou um de banana com queijo.
Vou tomar um Milk Shake de baunilha.
Bárbaro! Programa.
Nas segundas-feiras, junto a minha saudosa mãe Marina, acendíamos velas e rezávamos de joelho na
Capela de Nossa Senhora dos Prazeres,
àquela que fica atrás da Igreja da Glória.
Vou voltar a rezar para os amigos que partiram, espíritos de luz que chispam constantes em meu coração.
Vou mergulhar profundo naquele romance que vivi no Rio,
nos anos 60, onde o amor era infinito, puro, sem malícia
Vivíamos calados, juntos, grudados, respirávamos um só hálito
Tínhamos um só corpo, éramos iguais...
Tudo isso sentimos, apenas ao juntarmos as mãos,
Nenhum beijo, nenhum roçar de lábios, nenhum sexo
Desejos sim, e respeito.
O grande luxo da virgindade!
Anjos apenas Anjos... Era assim que nos amávamos.
Preciso ir à Igreja das Almas, pedir -lhes que
Nos proteja. O Carioca perdeu a liberdade...
Voltamos a ser escravos, escravos agora da violência.
Mas a poesia jamais se perderá no espaço, flui nos corações
Apaixonados e na consciência do povo.
Numa viagem meteórica, vou rever lugares e
abraçar os amigos.
Estou com os lábios desejosos por beijos verdadeiros. Tenho, as faces desejosas por um roçar de lábios amigo.
Quero matar a saudade.Preciso arrancar do peito a solidão,
o frio e a tristeza.
Vou comprar mais está ilusão, para poder respirar aliviada.
E aí voltar. Não antes de sentir o cheiro do meu povo e
pisar na minha terra
Inteirinha, a minha adorada terra o Rio de Janeiro.
E quando os meus pingos de mel fecharem não quero que duvidem, das minhas palavras,
pois, amores, todos são verdadeiros.
A minha terra é o Rio de Janeiro, meu povo, é meu sangue. |