Vejo em meu corpo marcas do passado.

Nele deixaste a cicatriz.

Levaste de mim a inocência e a minh‘alma foi apedrejada.

Roubaste a minha pureza, deixando-me só neste infinito jardim.

 

Em meu corpo ficou o tremor, o medo e a derrota.

A covardia fez de mim uma mulher a mais.

Com o meu pequenino anjo adormecido, cai na próxima esquina

Por um copo de leite e algo mais.

 

Ainda trago no corpo alvo a pele macia e aveludada,

Que te ofertou o prazer e a lealdade.

É apenas um corpo puro de uma moça enganada, enamorada

Do sonho de ser uma mulher casada.

Ainda conservo comigo o coração que por ti pulsa,

apesar de muito machucado.

 

Há tempos atrás eu pensei ser a tua amada,

Mas a vida é como é não se borra nada.

Aceito o silêncio porque ele sim é verdadeiro,

O teu sofrer para mim é algo inesperado.

 

Daria um mundo para não assistir você

Partir não antes que teus netos fossem por ti abençoados.

Mas como disse a vida é como é...

E, graças a esse filho, desejo-te muita luz,

A mesma luz que deixaste um dia em mim.

Agora sei que fui por ti premiada.

O adeus é inexistente posto que o eterno é eterno.

 

 

 

 

 

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